"Retomando a o início pessimista deste capítulo, quando a função de utilidade – aquilo que está sendo maximizado – é a sobrevivência do ADN, isto não é uma receita de felicidade. Enquanto o ADN estiver sendo transmitido, não importa quem ou o quê sai prejudicado no processo. É melhor para a vespa ichneumon de Darwin que a lagarta esteja viva , e portanto fresca , ao ser comida, não importa o custo em sofrimento. Os genes não se importam com o sofrimento, pois eles não se importam com nada.
Se a natureza fosse caridosa, ela farria pelo menos a pequena concessão de anestesiar as lagartas antes que fossem comidas vivas de dentro. Mas a natureza não é caridosa ou cruel. Ela não é a favor nem contra o sofrimento. A natureza não está interessada de uma forma ou outra no sofrimento, a menos que ele afete a sobrevivência do ADN. É fácil imaginar um gene que, digamos, tranqüilize as gazelas quando estas estão prestes a levar uma mordida mortal. Tal tipo de gene seria favorecido pela seleção natural? Não, a menos que o ato de tranqüilizar a gazela aumentasse as chances de propagação do gene para as gerações futuras. É difícil ver porque isto deveria ser assim, e podemos, portanto supor que as gazelas sofrem uma dor terrível e sentem medo quando são perseguidas até a morte – como a maioria delas finalmente são. A quantidade total de sofrimento anual no mundo natural está além de toda a contemplação decente. (...) Isto deve ser assim. Se algum dia houver um tempo de fartura, este fato por si só conduzirá automaticamente a um excesso populacional até que o estado natural de fome e miséria seja restaurado.
(...)
O ADN não sabe e nem se importa. O ADN apenas é. E nós dançamos de acordo com a sua música."
(O rio que saía do Éden, Richard Dawkins)
DAWKINS, EU TE AMO!
(Só para constar: a palavra Dawkins deve ter entonação no "Daw", ficou claro Gininha?)
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