segunda-feira, 19 de maio de 2014

Ambições enlatadas

Uma hora a gente percebe que a essência foi perdida
dissipada pelas ruas da cidade
e hoje ninguém tem mais nada para chamar de próprio
Quando a individualidade já há muito foi silenciada
camuflada e integrada à massa
suprimida pela distopia da vida real

Você se tornou o que você tem
ou o que você tem se tornou você
E você já não consegue mais reconhecer
que quem você realmente é
pode não estar estampado na capa da revista
nem se materializar num smartphone de última geração

(Você consegue se ver desaparecendo?)

Mas todos querem se sentir completos
todos querem pertencer
E todos buscam alguma forma
o tempo todo, a vida toda

Quando as pessoas se sentem vazias
quando não sabem mais para onde ir
e até já esqueceram para que vieram
São capazes de aceitar qualquer coisa
que aparecer na tela à frente
e estiver ao alcance nas prateleiras

Desejos instantâneos e ambições enlatadas
Doutrina do comodismo
Ditadura do consumismo
O caminho mais fácil para preencher o vazio da existência
Pois o antídoto para a nossa depressão espiritual
está em promoção nas vitrines das lojas de departamento

E se isso tudo é bom ou não
você não precisa se preocupar
A sua vida já está programada
o seu destino está traçado
todas as perguntas estão respondidas
Ideias predefinidas e ideais decorados
você não vai querer discutir

Tudo já foi planejado especialmente para você
Seus sonhos estão fixados nos outdoors das avenidas
Suas opiniões são ditadas pelas manchetes dos telejornais
Suas atitudes estão descritas nas entrevistas das revistas
Suas metas desfilam nas passarelas dos shopping centers

(Você consegue se ver morrendo?)


...


E mais uma vez você teve um dia estressante
porque você está fracassando
porque ainda conseguiu se completar
mas agora tudo o que você precisa é relaxar um pouco

Então você senta no sofá para esvaziar a cabeça
mas não se preocupa com o que ela será preenchida
Você apenas assimila tudo e nem percebe
que a sua vida se tornou
apenas mais um desses comerciais de televisão


...


Faz tempo, mas você pode se lembrar, eu sei
Antes de sua personalidade ser reprimida
e antes dos seus sonhos serem remodelados
sim, você tinha uma vida para chamar de sua
Antes de você ser adestrado
sim, você podia correr para onde quisesse
E você pode ser livre de novo - você precisa confiar em mim
e confiar em você

Antes de sua voz ser silenciada
você conseguia gritar
E agora você precisa ter coragem
para aprender a gritar de novo

segunda-feira, 12 de maio de 2014

A importância da arte num sistema educacional decadente

A educação básica brasileira está gritantemente equivocada em seus princípios mais básicos. A maior prova da decadência do sistema atual é que, simplesmente, estudar é algo chato por definição. E isso não representa um problema individual do aluno, o problema se encontra no sistema. Não importa o quão genial e bem-sucedido é o estudante, a forma como os conteúdos são apresentados hoje é deprimente. Dessa maneira tem sido extremamente complicado fazer despertar o interesse individual de cada estudante. Hoje se estuda por obrigação. Se estuda para passar na prova, para passar de ano, para passar no vestibular em algum curso bem estimado, enfim, para passar pela aprovação da sociedade e passar a ser mais um adulto socioeconomicamente funcional e bem-sucedido. É um sistema arbitrário, mecânico, dogmático. Como um sistema de produção em série, onde todos são iguais, visando o mesmo objetivo fundamental, e suas individualidades não são exploradas ou são reprimidas. Mas não! Ninguém é igual a ninguém. Cada um é um universo individual complexo aflorando potenciais que devem ser respeitados e valorizados.

Talvez por minhas habilidades deducionais intrínsecas, felizmente eu nunca precisei me esforçar muito para ser aprovada nas provas do ensino médio e no vestibular. É relevante considerar que na época eu era uma adolescente bem revoltada contra várias coisas - como se isso tivesse mudado muito até hoje -, e muitas vezes simplesmente me negava a aprender algo que eu considerasse muito chato ou insignificante para o meu futuro. Eu não acho que estava completamente certa, mas indubitavelmente aquelas aulas de física moderna teórica eram o extremo oposto de estimulantes. E eu não quero de maneira alguma aqui acusar individualmente os meus professores. O problema não é cada um deles, o problema é histórico e está amplamente implantado na raiz do sistema educacional brasileiro. A profissão de professor é deprimentemente desvalorizada no país. E isso tudo deve ser visto como um grande ciclo vicioso, já fortemente estabelecido e de difícil intervenção, mas que precisa ser quebrado urgentemente.

Eu tenho que aproveitar e contar um momento marcante do meu ensino médio aqui. O meu professor de história costumava indicar a leitura de algum livro relacionado ao tema que estava sendo ensinado na sala de aula e que seria também conteúdo de avaliação da disciplina. Eu sempre considerei uma abordagem muito válida, mas, honestamente, tenho certeza que eu era uma das únicas pessoas que realmente lia os livros - me desculpe professor, mas eu confesso que algumas vezes fiz resumos dos livros e distribuí aos meus colegas (já que eles não iriam ler de nenhuma forma, eu concluía que pelo menos desse jeito eles iriam compreender ao menos em parte a intenção do livro, o que é melhor do que nada né?). Enquanto aprendíamos sobre a Revolução Francesa, o professor indicou a leitura do A Revolução dos Bichos, um clássico do Orwell. Eu adorei! Na época eu até já o havia lido. Contudo, para o meu total e completo assombro, alguns dos meus colegas simplesmente achou ridículo um livro onde animais falassem. Como assim minha gente?!?!? Pois é, dessa vez eu me neguei a fazer algum resumo. Aí eu pergunto: de quem é a culpa? Do aluno? Dos pais? Do professor? Do governo? Bem, todos detém uma porção da culpa, mas quem tem um poder de intervenção mais básico, mais fundamental e mais amplo certamente é o governo.

O berço da educação do Brasil foi instituído pelos jesuítas, num sistema missionário tradicional. Com eventuais e progressivas mudanças, a abordagem educacional se manteve sempre nesse mesmo sentido: a transmissão dogmática de fatos e conceitos. Até que num belo dia do ano de 1964 veio a ditadura militar e aí sim ferrou com qualquer esperança de progresso educacional. A nossa cicatriz é grande, e quando eu falo que o problema começou cedo, estou falando sério. O modelo que vemos nas escolas é fundamentado nesses pilares arcaicos, monótonos, retrógrados. É claro que estudar vai ser chato assim!

Toda criança nasce naturalmente curiosa, com um desejo intrínseco de querer conhecer o mundo. Esse é um terreno de essencial importância que merece uma atenção especial e intervenções delicadas. Uma das maiores violações (se não a maior) cabíveis à um ser humano é arbitrariamente reprimir esse tipo de pensamento questionador. Isso é terrível, e pensar muito sobre me deixa muito triste. Toda criança tem algum comportamento esquizoide, e isso é completamente saudável e desejável. Nós devemos permitir e estimular que ela desenvolva seu potencial criativo ao máximo. Aqui eu não digo que ela deva acreditar em papai noel, mas que ela possa questionar o porquê de o céu ser azul sem receber "porque sim" ou "porque deus quis" como resposta. E bem, se existe um desejo natural de aprender na infância e no final do ensino médio o estudo virou algo desinteressante, evidentemente há algo muito errado aí no meio.

Eu claramente vejo a educação como o pilar fundamental da sociedade. Em todos os seus aspectos, a sociedade é um reflexo da educação. Não nos interessamos por política? Votamos em políticos ruins? E o que é de se esperar quando o estudante não aprende nem como funciona o sistema político do seu próprio país? Para um governo ditatorial, não é nem um pouco interessante que os jovens saibam como funciona a organização política governamental, nem que sejam estimulados a questionar o que lhes é ministrado. Pensamento e auto-expressão são coisas perigosas demais para um sistema autoritário. Em toda ditadura que se preze, não se quer que as pessoas questionem nada do que lhes é passado como verdade nem que exerçam suas individualidades ou fujam do padrão. O que se busca são indivíduos sistematicamente estereotipados repetindo ideais meticulosamente articulados e pré-definidos pelo governo (olha o Orwell por aí de novo com o 1984!). Acho que já devíamos ter passado da fase, não é? Então, como podemos agir? Como fazer esse sistema decadente ascender? Bem, junto a tudo o que eu já sugeri aqui pelas entrelinhas, acho que eu tenho mais uma boa sugestão: com a arte.

Eu me refiro à arte como todo o tipo de atividade que desperta a criatividade, que desenvolve a sensibilidade e permite a auto-expressão. Pode-se livre e amplamente aplicá-la em todas as áreas e abordagens imagináveis, ou seja, não é preciso ser artista por profissão para exercer a arte. E a arte é uma ferramenta poderosa. Ela é capaz de ativar todas as regiões encefálicas e penetrar em todas as facetas da personalidade humana. Ela lida com uma parte do indivíduo que atualmente é deliberadamente ignorada no ensino escolar convencional. Inserir a arte no contexto de sala de aula ajudará a explorar todo um universo de potenciais emergentes até então silenciados. Mesmo que provavelmente a arte não possa ser diretamente associada a todos os conteúdos de uma maneira coerente, o importante aqui é a mudança que ela causa no contexto geral, o ponto-chave é a ligação da arte com a criatividade, a liberdade, a sensibilidade e a diversidade. Muitas vezes discreta e silenciosamente (ou não), a arte atua amplamente em inúmeros aspectos da sociedade. Mas ao mesmo tempo, eu sinto que a arte atualmente está em extinção. Está fora de moda. Em todo lugar: nas escolas, nas ruas, em casa, no papo de mesa de bar. A arte não é considerada algo normal, algo popular. A arte não é valorizada e muitas vezes simplesmente é ignorada. Eu realmente acredito que isso deve mudar e uma ótima forma de começar é no ensino básico.

Esse contexto de reforma educacional artística que eu proponho inclui alguns pontos importantes:
1) A extinção de restrições de pensamento e do ensino de hipóteses e conceitos como se fossem "verdades incontestáveis". A ampla abertura para questionamentos de todo tipo desde o primeiro contato escolar, o estímulo ao pensamento crítico, a inserção de momentos dedicados à discussão diariamente na sala de aula. O auxílio ao desenvolvimento de aptidões e interesses, o respeito e a adequação às dificuldades e limitações individuais.
2) A atenuação da divisão arbitrária das disciplinas e ensino isolado de cada uma. Tudo tem muito a ver com tudo, e as coisas se tornam muito mais interessantes quando inseridas em algum contexto que valorize todas as suas aplicações. Eu gosto de pensar que um universo é um só - pra falar da maneira mais ampla possível. Com maior ou menor intensidade, tudo e todos estão de alguma forma interligados. Pode-se explorar uma maneira muito mais interessante de ensinar física se considerando o contexto histórico em que Newton e Kepler viviam, por exemplo - sim, há uma alusão pessoal aí.
3) A aniquilação do vestibular como objetivo máximo universal inquestionável de todo jovem de 15 anos. Existe uma pressão social imensa e toda uma arquitetura escolar voltada ao vestibular. Mas o que é avaliado no vestibular simplesmente não é mais importante do mundo que existe lá fora do mundinho alienado em que os jovens são mergulhados.
4) O uso de ferramentas dinâmicas e criativas de ensino, usando e abusando da música, do teatro e da literatura, aplicação prática da campanha "menos quadro negro, mais saída de campo". 
5) A inserção do ensino de questões voltadas à organização socioeconômica e política corrente no país. Simplesmente não há como mudar o cenário político brasileiro quando a população não tem conhecimento sobre como a política funciona em seus aspectos mais básicos. Todo jovem deve ter a oportunidade de aprender sobre os seus direitos e deveres, sobre como são distribuídos os recursos governamentais, sobre como funcionam os sistemas legislativo, judiciário e executivo - confesso que eu mesma vergonhosamente não sei praticamente nada sobre isso.

Cada indivíduo é um universo único, complexamente estruturado em um conjunto de preferências, ideais e aptidões que se organizam de uma forma coerente e harmônica. Essa base individual fundamental deve ser explorada e desenvolvida como um todo. Assim, teremos um mundo com o que eu costumo chamar de pessoas de verdade. Pessoas que pensam, pessoas que sentem, pessoas que agem. E a educação tem um papel crucial nisso. Em minha experiência pessoal, o contato com a arte foi essencial para o desenvolvimento da minha personalidade e dos meus interesses. Eu me encontrei na música, na literatura e na ciência - a minha forma preferida de expressão artística.

Out of step

Eu não quero um emprego seguro
Eu não quero uma vida confortável
Eu rejeito o comodismo
Isso me sufoca
E eu não vou viver entre quatro paredes
Pois eu preciso respirar

Eu não quero um futuro previsível
Com todas essas responsabilidades sem sentido
Que eu não vou obedecer
Eu não vou me conformar
Com o senso comum
Eu não quero paz
Quando estou em guerra por dentro

Eu não vou seguir o protocolo
E não vou desistir
Pois o que eu sou é de verdade
Então não contem comigo no rebanho

Eu busco o improvável
Quero que seja inesperado
A onipresença da aleatoriedade
Na entropia da dança do universo
Eu quero encontrar quem eu sou
Pois o padrão não me satisfaz
E eu estou faminto

Eu me identifico com o subversivo
Eu me encontro no subsolo da sociedade
Eu gosto de chocar
Para tentar fazer as pessoas acordarem
E talvez deixar algumas pessoas aborrecidas
Apenar por existir

Eu quero gritar
E mostrar que eu existo
Eu quero deixar a minha marca
Eu quero fazer a diferença
Pegar tudo o que eu sou capaz
E fazer algo bom 
E mostrar que eu existi

Eu desejo a intensidade
Em todo momento
Eu desejo a aventura
Eu quero sentir os limites
Conhecer todas as facetas
Ir até o início e até o final

E não quero viver submerso em certezas 
Eu quero olhar para fora 
E sentir a liberdade
A liberdade que é infinita
A liberdade para testar
Para transformar, para ser

Eu não consigo dormir
Por que eu quero viver

Eu quero sentir que estou vivo
E se um dia eu desistir
Saiba que eu morri

sábado, 10 de maio de 2014

Ditadura do medo e o problema do autoritarismo

O medo é uma ferramenta intensamente poderosa. Fazer uma pessoa sentir medo para governá-la. Ela se abaixa, ela se cala, ela obedece. Todas as ditaduras são construídas e mantidas com base no medo. Um ato tão... covarde. Quem guarda os maiores medos é aquele que precisa alimentar o medo nos outros para atingir algum objetivo egoísta.

Ter a necessidade de acionar o sistema do medo no próximo para induzi-lo a fazer algo claramente é por que tais ideias não são boas ou corretas o suficiente para que ele conscientemente aderisse à elas. Jogo sujo.  Restrição de pensamento, verdades absolutas. Memórias aversivas, domesticação de encéfalos. Nada nem ninguém cresce desse jeito. A análise crítica para discutir, a criatividade para inovar, a flexibilidade para mudar e a integridade para assumir os erros, o conjunto de tudo isso é o que nos permite atingir sempre o melhor possível. 

E, olhe ao redor, tantas pessoas fazem o uso da ferramenta do medo todos os dias, nas mais diversas situações e nos lugares mais inesperados. Como se o cargo ou qualquer atributo de uma pessoa simplesmente lhe concedesse o direito de totalitariamente ditar o que os seus supostos "subordinados" ou "inferiores" devam fazer, sem lhes permitir revogações ou questionamentos.

A via neural envolvida com a resposta ao medo é um mecanismo muito primitivo, bem conservado ao longo da evolução, justamente por ser muito útil. Quando estimulada, aciona uma resposta imediata de fuga, para sair o mais rápido possível do perigo. A resposta é direta, rapidamente processada e colocada em ação antes que o leão coma a sua perna ou o ladrão roube seu smartphone. Condição propícia para alimentar uma ditadura do medo, sem tempo para julgamento, apenas consentimento cego.

Entender como o processo funciona nos auxilia a aprender a identificar esses casos de autoritarismo sustentado pelo medo e fornece embasamento para combate-los. Por um mundo construído em honestidade, em verdades, em cooperação de pessoas e complementação de ideias. Esse negócio de ditadura é tão anos 60, afinal.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

O melhor sentimento do mundo

Sentir-se completo
Sem par
Sentir-se infinito
Sem deus
Sentir-se pleno
Em si mesmo
Sentir-se verdadeiro, absoluto
LIVRE

Único como um todo
Sem definições, sem limitações
A imensidão de um só corpo
Um complexo de ideias e ideais
Direcionadas à harmonia da entropia universal
Individual

terça-feira, 4 de março de 2014

I fell free to be big

I don’t care when people says that’s too hard or that’s impossible. In most occasions, it’s just stupid. Actually, right or wrong, I’ve never really cared about what those people say.

I live for defend my causes, test my ideas, reach my objectives, follow my dreams. I want to spend my life running for what I believe. And I may have big aspirations. 
You know, what can be wrong with that? I’m not afraid of being wrong. I’m not afraid of fail sometimes. I’m not afraid to get back. 
I’m afraid of not living my life. I’m afraid of not give all my best to do what I think is right. I’m here to try making the world a better place. By my own way. Doing what I know to do best, doing what I love to do. 
I hope I had the time of my life.
Everything is impossible if none try. If someone can imagine, any idea is never impossible at all. Ideals, words and passion have all an immensurable power. There is just necessary exist people disposed to defend it, reach for it. Make things happen.
I was not born to wait. I was not born to watch television. I was born to run. To run away. To run wherever is necessary. I was born to think. I was born to do something different.
And I know I can go supersonic. I know I’m strong enough. And I’m in my way.
Big people are ordinary people that did something extraordinarily good.
And now, now I feel free to be big.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Não perca tempo perdendo a vida

Você não sabe o que veio antes, nem o que virá depois. Então simplesmente viva.
Viva aqui, viva agora, viva o hoje.
Seja feliz frequentemente e sofra às vezes. Conheça a si mesmo e torne-se completo, alcance a plenitude. Seja o que for.
Faça tudo o que acreditar que deve ser feito. E não pense demais, nem se importe muito.
Não se limite demais. Não crie receios desnecessários e não tenha medo do diferente.
Faça, erre, faça de outro jeito x(n), acerte e aprenda.
Mude sempre, sem ter a mínima vergonha de mudar. O que move o mundo são as mudanças.

O tempo na verdade nem existe. É apenas uma invenção da nossa cabeça, uma adaptação para conseguir lidar com o mundo.
Mas evoluímos assim, é o que somos. Bom ou ruim, só o que podemos fazer é extrair o melhor do que temos.
Não perca a vida perdendo tempo. Não perca tempo perdendo a vida. Ela não é tão curta assim, mas é desperdiçada.
Não deixe para daqui a 20, 30, 40 ou 50 anos. Não espere a vontade passar, não há hora melhor que o agora.
Você desconhece o amanhã. Corra riscos, satisfaça seus desejos, realize seus sonhos. Hoje.

Seja egoísta mesmo. Faça tudo o que quiser fazer para se sentir bem.
E o mais importante: sinta-se bem fazendo bem ao próximo. Ao distante também.
Mude a si mesmo e depois mude o mundo, ou um pedaço dele. Dê um passo a mais, deixe um pouco melhor.
Registre a sua marca, faça a diferença. Ninguém vive para sempre, mas é essa a forma de ser eterno.
Se realize, se conheça, e não tenha medo de você. Não há nada mais belo do que o sentido mais completo de viver.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Metamorfose Ambulante

A vida acontece nas mudanças.
A vida acontece quando a gente faz, quando a gente aprende, quando a gente transforma a si mesmo em algo novo.
O diferente é a essência da vida. É exatamente isso que compõe o que somos em todas as abordagens possíveis. Sempre foi e sempre será, da evolução das espécies ao crescimento pessoal.
O que o ser humano tem de mais lindo e mais especial é esse poder de adaptação, de aprendizado e de mudança. Do que é feita a nossa individualidade se não das nossas diferenças, das nossas loucuras?
Qual é a graça de ser padrão, de ser o basal? O que isso acrescenta, o que isso muda? Simplesmente, não faz diferença. E essa é a forma mais desprezível de existência.
Permanecer na inercia, no comodismo, no ponto comum, não é viver. A vida acontece quando se acrescenta algo. Se não for assim, simplesmente não vale a pena.
Absurdo é ter medo de mudar. Vergonha de mudar é um dos sentimentos mais insensatos. Não se para de aprender em momento nenhum da vida que é vida de verdade.
Se existe algo infinito, esse algo é o conhecimento. Tanto o auto-conhecimento, como o conhecimento do mundo e o conhecimento onde ambos se cruzam.
Nós somos formados por nossas emoções e por nossos desejos (e pelo nosso pré-frontal pra dar uma freada nisso tudo), mas é simplesmente estupidez ter medo de tudo e reprimir qualquer vontade.
Se nós estamos aqui, é para fazer algo! É para transformar, é para deixar a nossa marca, é para mostrar algo novo para esse mundo!
Invente um novo meio de transporte sustentável, descubra a etiologia de uma doença, escreva um livro inspirador, pinte um quadro, invente um novo prato na cozinha, pense e reflita sobre a vida o universo e tudo mais, questione qualquer coisa, proteste contra o que julgar não ser o melhor, ajude o maior número de pessoas que conseguir, receba um Nobel. Faça do seu jeito, faça o que for, mas faça.
Não limite a sua vida a uma menosprezável existência. Até onde sabemos, essa é a sua única chance. Não deixe a vida simplesmente passar.
Por fim, prefira ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Youniverse

Estamos todos sozinhos aqui
E ninguém é mais culpado por nós do que nós mesmos
Tudo o que acontece com você
Tem muito mais a ver com você mesmo do que pode parecer

Sim, é tão mais fácil ignorar e apenas seguir em frente
Deixa a vida mais leve
Simplesmente culpar outros do que assumir isso
Mas as vezes essa leveza se torna insustentável
Pois na realidade tudo tem a ver apenas com você mesmo
Com toda a sua trajetória
Com quem você se tornou
Experiências, pensamentos, circunstâncias
Basicamente, v-o-c-ê

Ações e reações
Quem reage aqui é só você, da sua própria forma
Tudo o que você sente vem muito mais de dentro do que de fora
Seu cérebro, suas conexões, seu jeito
A maneira com que você encara o mundo
A maneira com que você encara cada situação
Você é um universo imenso a ser explorado e conhecido
Aos poucos
Não precisa ter medo
Tudo começa por aceitar a própria culpa
Sobre o que acontece com essa pequena porção de vida que é você

Se agora é diferente do que antes
Algo mudou
E pode apostar que de alguma forma ou de outra
Parabéns
Foi você

Profundamente essencial, conhecer a si mesmo
Tudo o que você realmente tem é você
Apenas você
Sua essência
Sua identidade
Você não têm outros, e outros não te tem

Use cada momento para conhecer um pouco mais de si
Mergulhe e explore o seu universo particular
É a viagem longa que você terá
Provavelmente a mais maluca também
Pode doer as vezes
Mas não esqueça que é apenas você ali dentro
Lutando para gritar, se libertar
Ser reconhecido, compreendido e aceito

Depois de tudo isso, vá conhecer os outros
Se der tempo
Não há tempo a perder

Caindo

Coisas que levam à loucura
Cuidado
Não pense demais
Não caia tão fundo
Não há um final feliz
É um beco sem saída
E esse beco não salva ninguém

Os que pensam
São poucos
Mas todos os que pensam
Pensam
E aprendem a lidar com isso
Ou não

Agoniante é perder a mão que te prendia à realidade
O porto seguro
Mesmo que lá fosse o inferno
Havia a mais profunda compreensão silenciosa, implícita
da vida, o universo e tudo mais
E agora o inferno está caindo aos pedaços

O que segura você?

domingo, 18 de agosto de 2013

O que é viver

Me parece a cada dia mais forte a ditadura do que é bom e do que é ruim, do que se deve fazer e do que é errado, do que se deve buscar, sentir e pensar e do que se deve fugir, evitar e ignorar. A cada dia sinto mais forte a pressão para ser feliz todos os dias e sorrir o tempo todo.
Quem é alguém para saber como as coisas devem ser?
Está na tevê, está nas ruas, em todo lugar. Está implantado nas sinapses de cada um que para viver de verdade, você deve ser feliz, o mais feliz que conseguir, por mais tempo que conseguir.
Aí você vai lá, compra roupas, sapatos e bolsas novas, por que te deixa mais feliz. Aí você procura perdidamente alguém para se apaixonar, por que te deixa mais feliz. Mas aí a paixão termina, e você não fica mais feliz. Então você vai lá, compra e come várias barras de chocolates, por que te deixa mais feliz. Mas aí você engorda, e não fica muito feliz com isso. Ah, mas é só pagar a mensalidade da academia e fazer uns exercícios para ficar feliz de novo.
Nós somos programados para buscar a felicidade a todo o momento.
Passar os dias com esse fardo só traz mais loucura à tona, mais pessoas que não conseguem se ajustar, todas povoando cada dia mais consultórios psiquiátricos. É pesado. Não fomos feitos assim, não fomos feitos para viver assim.
Falta um pouco de respeito nisso tudo. Respeito ao silêncio, respeito à reflexão, respeito à tristeza. Isso também é importante, afinal.
Nós não precisamos ter constantemente um sorriso estampado na cara, nós podemos ser um pouco desajustados. Nós não somos constantes, não somos máquinas, nós somos imperfeitos, complexos e um tanto imprevisíveis.
Acredito que viver de verdade, é algo intenso, algo profundo, algo verdadeiro. E a verdade pode ser alegre e pode ser triste. Viver é sentir, sentir o que tiver que sentir mesmo, o bom e o ruim. Viver é sorrir muito e chorar muito. Viver é amar, sentir saudade, ter vontade. Viver é cair, e levantar depois. Viver é se expressar, dizer e pensar. Viver é fazer, é tentar, é provar, é experimentar, é inventar. Viver é cultivar, sonhar e acreditar. Viver é lindo. Viver é fazer parte de algo maior, viver é ser parte da natureza. Viver é acertar, errar e aprender. Viver é pensar, é discutir, é brigar e fazer as pazes depois. Viver é fazer o bem, e se orgulhar, viver fazer o mal às vezes, e se arrepender. Viver é se machucar, para se recuperar mais tarde. Viver é mudar. Viver não é simples, não é nada fácil mesmo. Ninguém disse que seria. Ninguém escolheu, mas viver apenas é. A natureza não se importa muito.



sábado, 17 de agosto de 2013

Especulações sobre tudo

Busque o grande, olhe para o todo.
Se espante, mas não tenha medo.
Vá atrás do importante, tenha foco, tenha persistência.
Está tudo ali.
Não se perca em devaneios minuciosos.
Não se deixe submergir em especulações sem sentido.
Isso é tolice, ao menos enquanto não soubermos quase nada.
Mas as coisas sempre são muito mais simples do que parecem ser.
É só saber olhar.
Pense. Pense. Pense.
É "só" saber olhar.
O Universo é tão grande.
Uma única célula é todo um universo.
Nós temos as ferramentas.
Temos que aprender a olhar.

sábado, 20 de julho de 2013

Aleatoriedade

Eu acredito na aleatoriedade
Meu deus preferido é a curva de Gauss
Certezas são improváveis
E destino, é bobagem

Tudo pode mudar depois de um sim
Ou de um não
Ir ou ficar
Fazer ou não fazer
Insistir ou desistir

Pode funcionar - ou não
Pode ter sido melhor assim - ou não
E se fosse diferente?
Você nunca irá saber!

Onde você quer chegar é importante
Mas não somos Senhores do Tempo
O caminho é imprevisível
E reviravoltas são constantes

A vida é linda
A vida é improvável, aleatória e surpreendente
A vida é incontrovável
E não adianta muito se preocupar com isso

Tudo o que você pode fazer é cuidar de si
e do que te faz bem
Fazer o que é certo
E o que é o certo?
Let It Be

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Ser

Se estamos aqui, que seja para ser.
Ser de verdade, ser profundo, ser pleno, ser intenso,
ser da melhor forma possível.
Se estamos aqui, que seja para viver!

Eu quero fazer, eu quero ir atrás,
eu quero realizar, eu quero completar.
Eu não gosto de superficialidade,
eu gosto de me envolver,
eu gosto de sentir, ir até o fim.

Conflitos existenciais me perturbam,
mas eu gosto do desconhecido, do mistério,
eu quero entender, eu quero saber a verdade.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Humanos

Apenas humanos, apenas vivemos. 
Depois de todo o longo e magnífico trabalho da evolução, continuamos apenas humanos.
Apenas aglomerados de matéria orgânica incrivelmente especializada, organizada e sincronizada. Tão belos, tão complexos, mas apenas humanos, máquinas feitas para sobreviver. 
Máquinas transbordantes de sentimentos e pensamentos confusos - devido a um lindo acaso da evolução chamado córtex pré-frontal. Nós não detemos o controle. Gostaríamos de detê-lo. 
Apenas seres humanos, que estão por estar e vivem por viver. Nós apenas não sabemos - mas somos altamente curiosos. 

Submersos em nossa incrível ingenuidade, produzimos infinidades de coisas belas. Aprendemos a fazer música, aprendemos a fazer arte, aprendemos a cultivar amizades, aprendemos a amar. 
Submersos em nossa incrível ingenuidade, temos medos, temos dores, temos angústias e, no final, descobrimos que provavelmente estamos sozinhos por aqui. Somos falhos, cometemos erros, aprendemos e erramos mais uma vez, para então aprender de novo em um ciclo sem fim. Somos bons. Somos maus. 

Submersos em nossa incrível ingenuidade, somos apenas humanos e tentamos nos distrair. Criamos uma infinidade de hierarquias, instituições, leis, regras e uma coisa chata chamada bom senso. Criamos uma sociedade difícil, complicada e um tanto chata também. Mas, ainda somos, apenas humanos. 
Inventamos personalidades e lutamos diariamente para sermos diferentes - mas não sabemos que isso de nada importa, somos muito mais iguais do que pensamos ser. Muito mais iguais a todo o resto, a tudo que nos cerca, somos apenas parte de um todo bilhões e bilhões de vezes maior. Somos parte do que é ainda desconhecido. 

Somos iguais em nossa natureza. Somos apenas humanos.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O Mundo

O mundo precisa de mais loucura. O mundo precisa de mais pessoas que sejam pessoas de verdade, pessoas que façam as coisas, que façam o que quiserem. O mundo precisa de mais irreverência, o mundo precisa de mais coisas chocantes e perturbadoras, o mundo precisa de revoluções. O mundo precisa de ícones, o mundo precisa de rebeldia. O mundo precisa de menos repressão, e de mais liberdade. O mundo precisa de mais rock'n'roll! (em todos os sentidos e formas possíveis!). O mundo precisa de mais atitude, o mundo precisa de menos conformismo! Todo mundo é o mundo, e ninguém deve ficar calado.

O mundo precisa de mais evidências, o mundo precisa de menos crenças. O mundo precisa de mais invenções, o mundo precisa muita criatividade! O mundo precisa de mais descobertas, o mundo precisa aprender, o mundo precisa se renovar, sempre. 

O mundo precisa de mais brilho, de mais realizações. O mundo precisa de menos estresse. O mundo precisa ser mais alegre, ser mais pleno, mais completo, mais mundo! Afinal, tudo é tão lindo, tudo é tão complexo, tão diverso. O mundo definitivamente precisa de mais pessoas felizes! O mundo precisa de mais harmonia, de mais honestidade, de mais humildade, de mais coragem. O mundo precisa de menos vergonha, de menos medo. O mundo precisa de mais ação. O mundo precisa dar menos bola, o mundo precisa de preocupar menos.

O mundo precisa se preocupar menos com os outros mundos. O mundo deve simplesmente ser o mundo.

O mundo está mudando, todo o mundo está fazendo história.

segunda-feira, 11 de março de 2013

A difícil arte de ser você

Acho que agora eu entendo quando aqueles escritores dizem que estamos sozinhos no mundo, afinal. Você tem amigos, família, pessoas que irão te ajudar em momentos difíceis, mas você também irá encontrar pessoas que te causarão esses momentos difíceis. Alguns simplesmente não vão se importar. Com uma frequência não tão pequena, também surgirão aqueles querem mais é o teu fracasso mesmo. Eu acredito que os bons são maioria, mas no final das contas, não tem jeito, você está sozinho. Talvez uma ou duas pessoas dariam a vida por você - sendo que muito provavelmente elas sofram de algum distúrbio mental. Caso você seja famoso, talvez umas 5 - mais disturbadas ainda.
Você é o que você é e pronto. Você é as suas células, os seus órgãos, o seu sangue, os seus pensamentos. Você surgiu de dois, mas é só um, e assim será até o final. Eu realmente acho que um dos nossos grandes problemas anda sendo não gostar muito da gente mesmo. Não conseguir suportar a si próprio, as suas próprias aspirações, suas próprias realidades, seus próprios gostos e sua própria aparência... Sabe, se no final somos apenas só nós e nós mesmos, não conseguir estar feliz consigo é um grande problema. Ou, em meio a correria absurda em que a maioria de nós vive, até mesmo não ter tempo para se conhecer e se auto-realizar no dia-a-dia é um baita problema - mesmo que seja fazer uma pausa para ouvir aquela música que te relaxa ou para comer aquele biscoito estranho que só você gosta.


Não vou dizer que isso é fácil. Claro que não. Eu acho que tenho alguns pequenos problemas com isso de me auto-suportar. Mesmo que, via de regra, eu sempre gostei muito do meu jeito, sempre me senti bem com a minha personalidade e tudo mais. Contudo, tem horas que eu simplesmente não tenho as reações que na verdade eu gostaria ter, e isso é normal. Ainda, como qualquer ser humano bombardeado pela mídia do século XXI, eu tenho preocupações - desnecessárias - quanto a minha aparência, além de outros tipos de aflições que o nosso amável cotidiano propicia que viemos a desenvolver. Mas enfim, somando e subtraindo tudo, eu consigo me suportar. Nem todo mundo consegue. Até mesmo acredito que algumas doenças neurológicas e comportamentais possam estar relacionadas com esse fator externo.

Afinal, quando não somos capazes que gostar de nós mesmos, algo está errado. Até podemos ter desenvolvido estratégias para gostar do outro - ou parecer gostar - sem que isso ocorra com o próprio eu - mesmo que para mim isso não faz sentido nenhum.
E agora, o que fazer? Simplesmente curta você mesmo, você não pode ser tão ruim assim. Preste atenção em você, se conheça de verdade, aceite suas imperfeições, faça as coisas que te deixam feliz, seja feliz. E, logo em seguida, faça bem ao próximo.

domingo, 27 de janeiro de 2013

5’ → 3’

Afinal, para quê servem as pessoas? Quais as minhas funções? Para quê estou aqui?
Eu digo, qual a essência disso tudo?
Será que é preciso tanta pressa, tanta cobrança, tanto estresse, tantos problemas? Pelo menos essa resposta acho que, no fundo, eu sei: não.
De quê adianta fazer tudo, mas não fazer mais nada?
De quê adianta 30 créditos por semestre, se não se tem paz mental? Se não se tem tempo para ler um livro diferente, se mal sobra tempo para diversão? Se afeta os relacionamentos, se falta tempo para os amigos, o namorado e a família? Isso não parece ser o jeito certo. Isso parece o jeito que querem fazer você pensar que é o certo. E eu não consigo viver assim. Ou melhor, eu sei que sou capaz, mas não consigo viver bem dessa forma. Eu preciso de projetos paralelos.
Eu não preciso ser um gênio precoce. Desse jeito é tanto cortisol que eu nem iria durar para receber meu Nobel - e olha que eles não dedicam prêmios pos mortem. Eu quero ter o meu tempo.
Pode ser que é uma fase e que depois tende a ficar mais tranquilo, mas já senti na pele que um só semestre de estresse pode fazer um estrago. E um estresse um tanto desnecessário, no fim.
Eu quero mais é viver bem cada dia, não quero pensar que o "céu" me espera daqui a algum tempo. Eu quero fazer o meu céu hoje, da melhor maneira que for conveniente. Eu amo muito o que eu faço e eu quero fazer da melhor maneira que eu puder, não quero deixar que a pressa e a cobrança mascarem o brilho e a paixão que desperta em mim.
Afinal, qual seria o sentido?
Todo o mundo está planejado para que as pessoas só façam, façam rápido e não tenham brechas para pensar nem refletir. Existe uma cobrança gigante para ser "útil" à sociedade. Mas qual a preocupação em ser útil para si próprio? Não é a toa que terapia psicológica têm se tornado tão comum. Todo mundo está ficando louco. Não fomos feitos para isso, não adianta forçar pois a nossa espécie simplesmente não funciona assim.
Os dias passam rápido demais, e cada vez mais rápido. Eu quero viver cada dia. Não quero que eles passem sem mal eu ver. Eu sei, bate aquele aperto, aquela dúvida se dará tempo para fazer tudo o que eu quero. Mas cultivar uma pressa absurda é absurdo demais. Muito provavelmente as consequências patológicas do estresse tomarão bem mais tempo no futuro. Não vale a pena.
Na verdade, admito que eu sinto que quero muito ser útil para a sociedade. Mas do meu jeito, do jeito que eu sou capaz. Eu quero ver as coisas melhorarem, eu quero ajudar o mundo a ir para a frente. Eu quero deixar a minha marca por aqui. Se bem que, no fim, eu só quero viver em paz, ser feliz, fazer as pessoas que eu amo felizes também e, se der um tempinho, encontrar a cura para alguma doença.
Uma dica (que talvez sirva mais para eu mesma do que para qualquer outro que vá ler isso aqui): se preocupe só com o que é importante, valorize as coisas pequenas que no fundo são importantes para ti, seja feliz e faça o bem, não deixe que a correria da sociedade domine a tua cabeça, por favor, não vire um alienado, não estrague tua saúde mental. Cara, pare e olhe em volta, o mundo é lindo e fascinante!
Se vamos viver 1, 8 ou 80 vezes eu não sei. Mas essa vida é agora, ela é imprevisível e não vai durar muito.



quinta-feira, 21 de junho de 2012

Lobos da estepe

Tais são viventes do mundo moderno, mas que não vivem exatamente nesse mundo. Têm a mente fora desse emaranhado de informações que é oferecido à massa. Muitas vezes se desenvolvem como espécies de gênios - mas não leve como regra geral. São inconformados com a sociedade na qual se veêm obrigados à viver, seus ideias entram em conflito com os que efervecem pelas ruas. A maioria tenta, à melhor maneira possível, se integrar com o resto do mundo, por mais doloroso que isso possa no fundo ser. Eles se entregam à vida artificial, se entregam às comodidades, aos gostos populares quanto à música, cinema, alimentação, diversão e tudo mais. Porém, no interior de cada um, nos seus devidos gúlivers, habita um lobo, o seu "eu" mais puro e natural, intocável e imutável pela modernidade. De lá são capazes de partirem as mais frutíferas discussões, as mais brilhantes ideias, os mais inusitados gostos e afeições, as mais revolucionárias descobertas e até as mais insensatas paixões. Os mais sábios tem como prioridade essencial não deixar a sociedade reprimir tudo isso, ela até pode, por vezes, calar, mas jamais apagar.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O Tapa Buracos

Em consequência da nossa inesgotável curiosidade, muito frequentemente nos deparamos com questões cujas respostas não sabemos, ou seja, mistérios. Comumente, o ser humano não gosta disso. Ele não gosta de não saber, ele acha desconfortável ter dúvidas em aberto, e geralmente ele também tem preguiça de pensar muito a respeito. Dúvidas representam insegurança e instabilidade, mas o ser humano gosta mesmo é que lhe determinem o que é certo e que lhe digam o que fazer, simplesmente por que é tão mais fácil, não é? Uau, então inventaram a mágica! – ou Deus, se você preferir denominar dessa maneira. Não se sabe a origem do Universo? É claro que não! Questões tão complexas e profundas como essa merecem muitos (muuuitos) mais anos de estudo para serem respondidas. Mas a resposta existe, o que (ainda) não existem são aparatos e mecanismos para conseguir determiná-la e divulgá-la mundo afora. O ser humano, como já disse, não gosta muito de não saber, por isso na maioria das vezes prefere dizer que foi Deus que criou o Universo, num espaço - absurdo, ilógico e antinatural - de 7 dias. Não saber em detalhes o porquê de uma questão não requer atribuí-la a uma entidade divina. Muito antes pelo contrário, não saber deve refletir no esforço para descobrir – sem essa história de conformismo e preguiça de pensar. E nem são só os deuses que servem como tapa buracos, existem muitos outros mitos e superstições que fazem esse papel. Aqui se encaixa muito bem uma frase do Todo Poderoso e Louvável Douglas Adams: "Não é o bastante ver que um jardim é bonito sem ter que acreditar também que há fadas escondidas nele?"
 A cada hora acontecem muitas descobertas científicas ao redor do mundo, se encontram curas para doenças, passam a entender os mecanismos de ação de certa bactéria, inventam uma nova tecnologia eletrônica... Tudo isso não era sabido até o segundo da sua confirmação, mas tudo já existia, de alguma maneira – e não foi criação divina. Quem descobriu a penicilina foi uma pessoa, e não um Deus.  Até anos atrás não se sabia como funcionava o código genético, não se sabia por que o céu é azul, nem como as ondas transmitem cores e sons (se bem que isso nem eu sei muito bem). Tantas coisas já foram descobertas, tantas dúvidas já foram exauridas, mas tantas mais ainda estão escondidas. As possibilidades são infinitas, e as dúvidas sempre vão existir! O questionamento do desconhecido é uma fonte inesgotável, sempre haverá um passo a mais para ser dado.
É nosso dever como espécie humana ir atrás das respostas, para que no fim isso se reflita na nossa própria evolução e aprimoramento, no sucesso e na perpetuação de nossa existência terrena. Atribuir esses passos adiante a uma entidade mágica, apenas por que eles são difíceis demais para serem compreendidos é impor uma barreira ao conhecimento. É tentar impedir que tais sejam questionados e examinados pelo incessante e obsessivo olhar científico, é não querer que sejam desmistificadas – por que assim é mais fácil de controlar e restringir os pensamentos das pessoas, assim é mais fácil que elas aceitem o que lhes é imposto pelas autoridades sem reclamar, sem lutar, sem questionar, sem pensar. Isso é assombroso.
Não podemos deixar que continue a se perpetuar essa maneia de agir e pensar na sociedade, principalmente nas escolas, nas igrejas, nas casas de família. Nós temos que aprender a questionar, a não ter vergonha de ter dúvidas, a não ter receio de pensar e a ver beleza no mistério. As crianças não podem ter seus questionamentos ridicularizados e reprimidos na sala de aula ou pelos próprios pais – certamente isso é um dos piores males possíveis de se fazer para a humanidade, sem necessariamente ter o desejo direto de fazê-lo. Vamos duvidar, vamos criticar, vamos refletir, vamos pensar, vamos errar e acertar, vamos inventar, vamos descobrir, vamos mudar, vamos reinventar. Esse é o nosso dever aqui, é assim que andamos para a frente, é assim que o mundo gira. E chega de tapar buracos.