Você conhece as enzimas? Elas são lindas. Sem enzimas não existiria nada do que você vê a sua volta, pelo menos não do jeito que é. A vida, como a conhecemos, tem as enzimas no seu pilar mais básico. Elas são assim, tão essenciais, e ainda tem (muita) gente que nem sabe disso. Mas eu diria que elas não se importam, afinal, já trabalham no anonimato e voluntariamente há um bocado de tempo (e também toda a ciência e seus cientistas já têm muito disso). Enfim, as enzimas são tão minúsculas e tão complexas. São também inimaginavelmente velozes, funcionando numa cadeia minuciosamente sincronizada e em íntima relação com todas (literalmente todas) as partes do organismo. Mesmo que existam algumas bem promíscuas, elas também são bastante exigentes, fazendo questão de um ambiente ideal, com pH e temperatura específicos. Será que dá pra imaginar quanto tempo levaríamos para digerir uma bala sem a presença da hexoquinase? Só posso afirmar que é muito, muito (muito messsmo) mais do que levamos na presença desse simpático catalisador. Nem poderíamos pensar em comer carne, por que certamente o bife iria apodrecer no nosso estômago.
A ignorância voluntária frente ao funcionamento do próprio corpo e do mundo em que se vive é, do meu ponto de vista, uma das coisas mais tristes dos nosso dias. Vivemos num meio tão artificial, em que tudo é industrializado, tudo passa pela mídia, e quem sabe o que é verdade? Quem se interessa pela verdade? Quem se dispõe a “perder tempo” para descobrir como as coisas realmente funcionam? Essa linha de pensamento pode ser levada em conta num contexto muito mais amplo do que o científico. O apelo ao “querer saber” pode ser aplicado a basicamente tudo, na verdade. Mas aqui, dessa vez, me ponho em combate ao analfabetismo científico. Sei que Sagan ficaria orgulhoso. Não quero que os cientistas se tornem estrelas de tevê, quero apenas que sejam reconhecidos e valorizados, e que seu saber seja difundido. No fim, as coisas nem são tão complicadas, tudo está relacionado e faz sentido, vocês vão ver. Além de que tudo sempre pode ser simplificado para um nível amplamente compreensível, e é bem essa a ideia. Claro que também entra aí a questão da educação, principalmente no ensino escolar, que tem muito (muito!) a ser melhorado - mas isso é assunto para outra hora.
Realmente acredito que quem não se interessa pela ciência, não faz ideia do que está perdendo. Depois que se descobre o fantástico funcionamento da vida, do universo e de tudo mais, não tem como continuar olhando para o que está em volta da mesma maneira do que antes. Passa-se a valorizar muito mais a existência. Afinal, ela é tão complexa, tão improvável, mas acontece incessantemente mesmo assim. É simplesmente fascinante!! (e eu tenho uma grande convicção de que isso é muito mais benéfico do que quaisquer crença religiosa)
Créditos do gif ao Marcus :)