sábado, 19 de fevereiro de 2011

Correr

Tédio. Tédio. Inutilidade.
Nada pior.
Ficar sentado vendo as coisas acontecerem. 
Ou ainda pior, muito pior, ver as coisas deixarem de acontecer. 
Ver coisas erradas acontecendo.
E não fazer nada. 
Nunca fazer nada.
Nada. Nada.
Pra quê?
Repugnante.
Mais repugnante quando é por vontade própria.
Felicidade enlatada.
Vida numa bolha.
Encarcerada em futilidades.
Não quero ser assim.
Boas notícias: eu não vou.
Que tal agora?
Não.
Eu tenho que esperar.
Tédio. Tédio. Inutilidade.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Por um governo sem cara de governo

Já cansei de falar aqui que a minha ideologia é anarquista, libertária e radical. Mas, nos dias de hoje, um governo ainda é importante, no sentido de organizar a sociedade como um todo, e não para se infiltrar na vida pessoal dos cidadãos. O governo que realmente precisamos integra uma concepção bem diferente da que vemos hoje. Ele deve exercer, basicamente, cinco funções: educação, comunicação, saúde, justiça e transporte, tendo um ministério independente tomando conta de cada uma delas. Os dirigentes dos ministérios serão trabalhadores selecionados por concursos relativos às suas áreas de interesse. Seus salários devem ser bons e suficientes, para evitar o estímulo a corrupção.
As instituições relacionadas às necessidades básicas da população não devem ser privatizadas, não devem cair na mão instável do mercado e por ele manipulados; a verdadeira função do governo deve ser tomar conta delas. Se há necessidade de dividir o mundo, o país e o estado por linhas imaginárias, deve ser com a unica função de melhor organizar o trabalho do governo em cada área, sendo que deve-se sempre contemplar o sentimento de conexão e a igualdade entre elas.
Como hoje, o governo se sustentará em impostos, um para cada cada área funcional. Cada um deles será calculado levando em conta as suas necessidades relativas. A diferença é que o imposto não será obrigatório. Quem optar por não contribuir não poderá usufruir das facilidades reservadas aos contribuintes, terá que pagar mais caro por elas, mas terá sempre a opção de agir como melhor lhe parecer. Nada irá impedir as pessoas de trafegarem livremente pelas estradas sem pagar nada por isso, os pedágios serão apenas lembranças absurdas do passado.
O governo jamais financiará políticas do tipo "pão e circo". Não porá seu nariz em questões festivas, muito menos quando religiosas. Já o assistencialismo será plenamente desnecessário no contexto estabelecido. Ao se voltar apenas às necessidades básicas da população, ligadas ao bem estar, a saúde e ao intelecto, o Estado nivelará as oportunidades oferecidas a todos. A partir desse momento, o destino de cada um estará baseado em suas próprias escolhas e em seu desempenho. Somos produtos do meio em que vivemos, e quando esse meio for igual para todos, não seremos mais vítimas, deixaremos de ter nossa história escrita por algum "superior" e seremos nós mesmos os escritores.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Por que futebol?


Eu sei, tenho plena consciência que futebol está virado num negócio. Poucos são os jogadores que vestem a camisa e se esforçam para ajudar o time que os contrata, pouco importa se foi o tal time que o treinou desde a infância, que o deu a primeira chance, a maioria deles faz um gol pensando em quanto maior estará o seu cachê. A raiz desse problema é que há muito dinheiro envolvido, o que certamente deturpa o sentido do esporte. Os jogadores não estão errados em querer juntar uma boa grana para quando se aposentarem, só que muitos ganham, em só um salário, o suficiente para isso. Ficam deslumbrados, gastam a maior parte em carros importados ou em dízimo a igrejas.
Enfim, tem muita coisa errada aí no meio e, apesar disso, o que me surpreende é que eu continuo gostando do meu time. Realmente me simpatizo bastante com o Grêmio, gosto de alguns jogadores, gosto de ir ao estádio, assistir os jogos, acho a sua geral uma das 7 maravilhas do mundo... Mas, como assim? Por quê? Não sei. Talvez por estar conectado a minha vida desde a infância, relacionado à família e tudo mais. Vai saber. Sou torcedora de carteirinha (literalmente), mas com cautela. Ao contrário do Skank, não posso morrer pelo meu time, se ele perder não será uma dor nem um imenso crime. É como uma paixão com os olhos abertos. É, acho que é mais ou menos isso mesmo.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Anti-fronteiras

Linhas imaginárias para dividir os territórios bons dos ruins são um eficiente artifício de opressão. Não há de se dividir povos, todos nascemos humanos, nascemos iguais, com as mesmas liberdades. Quem tal líder pensa que é para me dizer que não posso pisar em tal território? O lugar onde você nasceu não determina se você é melhor ou pior que o habitante de outro território. Não há nada que detenha o direito de determinar o seu futuro, seja te impondo uma ditadura, restringindo teus direitos ou manipulando tua mente, baseando-se apenas pelo lugar em que você vive. Porém, isso é uma consequência do sistema, desse sistema injusto que divide o mundo em linhas imaginárias desenhadas pelos poderosos. Separatismo só gera sangue. Vimos isso na África colonial, que não se acertou até hoje e por isso continua subdesenvolvida. Guerra entre Coréia do Norte e Coréia do Sul, que coisa mais ridícula, elas já foram a mesma coisa e hoje e guerreiam por causa de ditadores vindos do outro lado do pacífico, daquela nação que se acha superior ao resto do mundo. Esses ditadores importados não chegam apenas na Coréia, estão pelo resto do mundo também, na África, no Oriente Médio, já estiveram (ou estão?) na América Latina, no Brasil. Eles vem e vão sempre com a intenção de dividir, somar territórios aos seus e se mostrarem mais poderosos que seus vizinhos. Isso lembra um jogo de tabuleiro, não?
Chega de separar, temos que voltar atrás e começar a unir. Unir idéias, unir forças. Unir o que cada lugar tem de melhor, em prol do progresso, não somente da nação x, mas o progresso universal. Simplesmente temos que acordar e perceber que somos muito, muito mais fortes juntos! Somos diferentes, é claro. Somos muito diferentes em nossos idiomas, culturas, concepções e modos de levar a vida. Pertencemos a uma espécie que se mostra tão rica, uma espécie tão diversa, que muitas vezes pensamos ser de espécies distintas, afinal, é isso o que diz aquela linha que me separa daquela outra pessoa. Mas não, a nossa raiz é sempre a mesma. Ele é indígena, ela é negra, a outra é mulata, já ele é branco e aquele lá é oriental, que ótimo! Agora cortemos todos no meio e vejamos se não são iguais. E temos muito que nos orgulhar disso. Em total contradição ao sentimento homofóbico, um dos mais repugnantes e asquerosos que se pode desenvolver, que só gera guerra, lágrimas e, mais linhas imaginárias.

                                           1984 nunca mais.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Manifestação


"Manifestação. Manifeste-se. O que é manifestar-se? O que é ser você mesmo? Há um engajamento imediato na hora em que você diz "eu quero ser eu" (I wanna be me - Sex Pistols). Não é assumir uma posição política tipo "ah, eu concordo com tudo o que aquele candidato/autor/guru diz. Posso ficar tranquilo nos deus braços que ele me fará feliz, ou me aninhar em seus braços que ele me velará à verdade". Não. Acredite seja lá em quem/no que for, o sentido é exatamente o oposto. É AÇÃO. É intervir. É sair de cima da sua bunda e dizer não apenas "o que eu quero é isto", mas "que é que eu vou fazer agora pra conseguir isso" (I know what I want and I know how to get it - Sex Pistols). Você tá no 1º, 2º grau, universidade, apenas mais um dos que estão percorrendo um caminho já traçado que te levará sempre aos mesmo lugares, final feliz ou não, e que é muito útil para aqueles que não querem ver outros caminhos proliferando, desviando, saindo do controle. Porra, eu tô nesse caminho, a maioria de nós estamos. E daí? Se você gosta, tá realmente afim, você está sendo você mesmo e sabe que o que deve fazer é meter a cara e se dar bem. Mas se você não gosta, não tá afim, só enche o saco, AJA. Em vez de perder o sono com coisas do tipo o que vai ser do meu futuro, ou fumar maconha o dia inteiro, assuma que o seu futuro é agora e aja JÁ. Você é burro se precisar de alguém que lhe diga o que você deve fazer. No mínimo entrou de gaiato, porque parece uma mode legal, né? No fundo, moda é um guru dos pobres de espírito. Estilo. Moda alternativa. Existe um pessoal que cansou de esperar pelo futuro e resolveu fazê-lo agora. Não são os primeiros, nem os únicos, nem os últimos. Você pode encontrá-los em shows de grupos daqui de Brasília, pessoas nem um pouco preocupadas com o que as que supostamente traçam os caminhos tem a dizer a seu respeito. Cagam pra elas, acreditam em intervir e foram a luta. Tocando, transando um fanzine, se informando, produzindo, amando, dançando pra valer, usando pulseiras de tachas, gritando tá com nada pra tudo que acham que tá com nada. Manifestação. A opção é sua."

Por Fê Lemos, adolescente e punk, integrante do Aborto Elétrico, no tempo em que ainda pensava que poderia mudar o mundo.
(é o do meio na foto ao lado, pagando pose se Sid Vicious).

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Rio Pardo existiu, e existe

Desde pequena, sempre gostei de Rio Pardo, e vivia pedindo pra ir até lá, pra ver os prédios históricos e museus, ir naquela rua feita de pedra e comer os sonhos que uma senhora simpática sempre vendia ali perto. Fui crescendo e entendendo um pouco mais de história e achei fantástico tudo o que já acontecera por aquelas ruas, a importância que aquele lugar já teve a nível de Brasil, em contraposição ao esquecimento em que o município caiu nos dias de hoje. Mas enfim, mesmo tendo duas limitações notavelmente diminuídas ao longo do tempo e tendo se tornado uma pequena cidade um tanto atrasada, sempre nutri uma certa admiração por aquele pedaço de terra. Mais tarde ainda, percebi como as pessoas do maior município vizinho costumam ignorar tudo isso, e tomá-la como se fosse uma emancipação a partir do seu território, dependente e pouco desenvolvida, algo que sempre foi menor e menos importante. Dá uma raiva dessa ignorância. Puta mania desse povinho de se achar melhor que os outros, essa gente tem que acordar, isso sim! Vários outros municípios se emanciparam a partir de Sta. Cruz, mas Rio Pardo não, Rio Pardo sempre teve sua própria história, muitíssimo mais rica e interessante, por sinal. Sei lá, foram tantas coisas, a "tranqueira invicta" no tempo das Missões, a Guerra do Paraguai, a Revolução Farroupilha... É um belo resumo de boa parte dos acontecimentos mais importantes da história do Rio Grande do Sul. Por essas e tantas, que acho que o povo típico daqui/Sta. Cruz/colonização germânica, em seu estereótipo, não presta.