Mas se já inventaram a L7, o CD, até o MP3, MP4, MP5, enfim, essas tecnologias todas, por que ouvir um LP?
Certamente, não é mania underground, para parecer cool, pagando R$2500.000 por um toca-discos modernão e mais R$200 por cada LP remasterizado novo em folha. Isso não tem nada a ver, é até um desrespeito. Na verdade, esse meu aparelho do tamanho de uma mesa, que furtei da casa dos meus avós, é mais como uma máquina do tempo.
Bem, é claro que eu daria tudo para ter assistido aos shows dos Replicantes no Ocidente em meados dos anos 80 e grunir "ela me deeixoou, me trocoou, por um sandinista especialista em granada... de mããoo!" junto com o jovem Wander, por exemplo, mas nasci vários anos depois disso. Então eu vou lá numa lojinha obscura, e trago pra casa o disco de alguém que viveu aquilo. Ouvir da mesma maneira como as pessoas da época faziam, é sim uma forma de voltar no tempo.
Só que não tem graça nenhuma se o disco ou o aparelho forem novos, o ritual não estaria totalmente descaracterizado. E não é qualquer banda que "combina" com o toca-discos, tá certo que isso é bem pessoal, mas alguns álbuns não simplesmente não tem nada a ver. O que combina? Vejamos... Bob Dylan é perfeito, The Who tbm (eu ainda vou arrumar um LP deles com a ), TNT, Replicantes, Capital Inicial das antigas, Led, The Cure, Legião, Ramones, e por aí vai. Olha, acho que na real são aquelas bandas que mais dói no peito ao perceber que o tempo delas já era.
E dói mesmo viu. Vejo o rock hoje tão banalizado, tão sem sentido, vasto demais. Qualquer coisa colorida que sabe gemer pode ir lá no Faustão e dizer que é rock. E isso não é rock. É claro que ainda existem rockeiros e bandas rockeiras, mas estão vagando sem destino em meio a essa confusão. Não quero dizer que a época do rock, ou do que eu entendo por rock, já passou, está enterrada e não vai mais voltar. Não quero, não quero e não quero! Não.