sábado, 10 de maio de 2014

Ditadura do medo e o problema do autoritarismo

O medo é uma ferramenta intensamente poderosa. Fazer uma pessoa sentir medo para governá-la. Ela se abaixa, ela se cala, ela obedece. Todas as ditaduras são construídas e mantidas com base no medo. Um ato tão... covarde. Quem guarda os maiores medos é aquele que precisa alimentar o medo nos outros para atingir algum objetivo egoísta.

Ter a necessidade de acionar o sistema do medo no próximo para induzi-lo a fazer algo claramente é por que tais ideias não são boas ou corretas o suficiente para que ele conscientemente aderisse à elas. Jogo sujo.  Restrição de pensamento, verdades absolutas. Memórias aversivas, domesticação de encéfalos. Nada nem ninguém cresce desse jeito. A análise crítica para discutir, a criatividade para inovar, a flexibilidade para mudar e a integridade para assumir os erros, o conjunto de tudo isso é o que nos permite atingir sempre o melhor possível. 

E, olhe ao redor, tantas pessoas fazem o uso da ferramenta do medo todos os dias, nas mais diversas situações e nos lugares mais inesperados. Como se o cargo ou qualquer atributo de uma pessoa simplesmente lhe concedesse o direito de totalitariamente ditar o que os seus supostos "subordinados" ou "inferiores" devam fazer, sem lhes permitir revogações ou questionamentos.

A via neural envolvida com a resposta ao medo é um mecanismo muito primitivo, bem conservado ao longo da evolução, justamente por ser muito útil. Quando estimulada, aciona uma resposta imediata de fuga, para sair o mais rápido possível do perigo. A resposta é direta, rapidamente processada e colocada em ação antes que o leão coma a sua perna ou o ladrão roube seu smartphone. Condição propícia para alimentar uma ditadura do medo, sem tempo para julgamento, apenas consentimento cego.

Entender como o processo funciona nos auxilia a aprender a identificar esses casos de autoritarismo sustentado pelo medo e fornece embasamento para combate-los. Por um mundo construído em honestidade, em verdades, em cooperação de pessoas e complementação de ideias. Esse negócio de ditadura é tão anos 60, afinal.

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